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Tereza de Benguela

Escrevo sobre Tereza porque decidi que muitas das peças terão nomes de mulheres negras que fizeram história e que, por conta de uma sociedade racista/machista, tem suas trajetórias esquecidas.


Fiz uma votação no instagram para a escolha do nome do anel quadrado e Tereza foi a escolhida, apresento a vocês mais uma mulher, negra, guerreira e maravilhosa:


Arte: José Bruno Lima


Só pra você saber: nós temos conhecimento desta biografia graças ao esforço do movimento de mulheres negras à pesquisa e resgate de documentos que não tiveram atenção na bibliografia do país, por isso a gente consegue recontar a história do Brasil e ter mais narrativas de como foi a formação dele.


Tereza de Benguela viveu no século XVIII e pode ter nascido em algum país do continente africano ou no Brasil, não se sabe ao certo, mas sua vida faz parte do nosso passado, que é majoritariamente contado por homens brancos.


Ela foi casada com José Piolho, que chefiava o Quilombo do Piolho ou, Quilombo do Quariterê, que foi o maior do Mato Grosso. Depois de ser assassinado por soldados do Estado, Tereza se tornou a líder do Quilombo, e resistiu ao sistema escravocrata português por mais de 20 anos, abrigando mais de 100 negros e indígenas que a chamavam de Rainha Tereza.


O território do Quilombo era de difícil acesso, por isso Tereza coordenava um forte aparato de defesa e articulava em grupo toda a estrutura e ações da comunidade. Eles viviam do cultivo de algodão, milho, feijão, mandioca e banana.


Ela comandou a estrutura política, econômica e administrativa do Quilombo, mantendo um sistema de defesa com armas trocadas com os brancos ou roubadas das vilas próximas. Os objetos de ferro utilizados contra a comunidade negra que lá se refugiava eram transformados em instrumentos de trabalho, visto que dominavam o uso da forja.


Não se tem registros de como ela morreu. Há duas versões: uma é que se suicidou depois de ser capturada por bandeirantes a mando da capitania do Mato Grosso, lá por 1770, e outra que diz que foi assassinada e teve a cabeça exposta no centro do Quilombo.

A população do Quilombo na época era de 79 negros e 30 índios e resistiu até 1770, quando foi destruído pelas forças de Luís Pinto de Sousa Coutinho.


Tereza foi homenageada com o dia 25 de julho que é oficialmente no Brasil o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Além da data, a Rainha também foi enaltecida pelos versos da escola de samba Unidos do Viradouro, com o enredo da agremiação de 1994, cujo título é ‘Tereza de Benguela – Uma Rainha Negra no Pantanal’.

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